No passado sábado pude ver as imagens que fiz à quase um ano atrás, quando andei 15 dias pelo Quénia e Moçambique.
Pensava que nunca mais iria publicar nada sobre essa viagem, o que me dava grande pena pois lembro-me ainda bem das fotografias que tenho, especialmente da Ilha de Moçambique, essa ilha com 3,5 km de comprimento e 500 metros de largura mas que carrega mais história e vida do que muitos países inteiros. Principalmente vida. Soube-me bem ver o programa e recordar a vida que aquela ilha carrega. Ver o miúdo com a raia gigante na cabeça, lembrar-me dos peixes coloridos e do marisco delicioso. Mas foi também rever a pobreza. É incrível como no mesmo programa se conseguiu ver Mombaça, que consideraríamos logo como uma cidade muito pobre, e logo depois a Ilha de Moçambique, tão pobre que não pode sequer ser comparada a Mombaça. Mas é claro, se quisermos procurar, ainda é possível encontrar lugares mais pobres ainda. Mas não é esse o objectivo. Prefiro lembrar-me das cores e das inúmeras crianças, com o pé descalço e a camisola rota mas sempre com um sorriso branco e feliz que sobressai na cara preta. Miúdos sempre dispostos a ajudar ou a dar uma corrida. O Jorge, que pode ser visto numa das fotografias com uma camisola vermelha e um sorriso aberto, foi o nosso guia durante todos os dias na Ilha. Impôs-se como nosso guia por entre pelo menos 30 crianças candidatas ao lugar. Impôs-se pela inteligência, deixava-nos respirar dos apertos para depois não nos largar, mas sempre de uma forma subtil. Fazia-o, como todos os outros, pelas pequenas “ajudas” que lhe dávamos.
Mas sentiamos-nos bem e seguros. Ao contrário de Mombaça onde, para entrar com mais segurança na cidade velha, deixamos que o Manzu nos acompanhasse e guia-se, na Ilha sentiamo-nos como em casa, quase mesmo em casa, não fosse ali faltar tudo. A Ilha de tão pequena torna-se num pequeno bairro, não vale a pena fugir a ninguém pois não há para onde fugir, só para quem vai embora da ilha. Também não há carros para quem quer fugir depressa. Quando muito algumas motas cortam as ruas onde deambulam pessoas e poucas bicicletas.
Deve de ser por isso que demora tanto tempo a entrar na ilha. Tempo é ali mesmo a palavra chave. Como o Gonçalo muito bem descreveu num pivot do programa, primeiro sentimos que nos enganamos, que aquele não é o sítio, parece um outro planeta, depois compreendemos o tamanho da Ilha, e então a Ilha é o mundo, e sendo o Mundo, não vale a pena sair dali.
1 comentário:
que lindo sorriso!
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